Vi coisas que não devia ver.
Andei por aí procurando a resposta, ouvi boatos e sanei dúvidas. Gerei desavenças. Corri procurando ajuda, ou qualquer coisa que criasse essa junção do meu quebra-cabeças. Por que meus olhos vêem tão fundo?
Deixo a chuva cair, embaraçando meu cabelo e colando uma pontinha dele sobre os meus olhos. Me afogo esbaforido nas gotas d'água que caem e se confundem com os pontos de espirito que escorrem dos meus olhos. Tenho lágrimas que nunca chorei, gritos que nunca gritei e razões que nunca neguei.
Então decidi andar, cada passo era uma nova descoberta: caminhos, portas e portais. Um estranho brilho passando pelos limiares da justiça, da igualdade e do diferencial de cada um, a alma. Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma eu corro.Quando o silêncio impregna o meu ser, eu sofro. Quando a dor agoniza minha carne, eu choro. "Dai senhor, não a nós, não a nós, mas a ti toda a glória ". Que seja digno de  cantos aquele que entender a máxima da vida enquanto percorre o caminho de subida. Que digno seja aquele pelo qual se vale a pena lutar como um irmão.

Que sejamos dignos daqueles pelos quais lutamos todos os dias. Que sejamos nós.

Há dias em que tudo dá errado, no meu comum eu simplesmente surto, porém nesse dia em especial optei por apenas observar ao meu redor.
Era uma noite qualquer, seguida por pequenos chuviscos que vieram após uma chuva forte, estava em um ponto de ônibus sem cobertura, completamente encharcada e cansada após um dia inteiro na escola onde estudo, por obra do destino e do tempo em que se iniciou aquele dia, eu havia ido de chinelo para a aula e, digamos que isso contribuiu para que eu tivesse pisado em diversas poças d'águas e ficado com o pé totalmente molhado e a barra da calça completamente suja de lama. Dividindo um espaço extremamente pequeno com uma senhora de idade avançada e um menino implicante que deveria ter uns 11 ou 12 anos, fiquei ali, no abrigo de um guarda - sol um pouco a frente do ponto do ônibus que eu iria pegar. Finalmente após quase 2 horas de espera o ônibus chegou, olhei em volta e vi: o ponto lotado, a rua cheia de água e cheirando mal por causa do lixo dos supermercados que havia no local, as pessoas com raiva e afadigadas pelas horas de espera perdendo assim a sua compreensão uma com as outras e por fim eu, me perguntando se os valores e o amor de uns pelos outros poderiam ter sido levados por aquela chuva. Depois de empurrões e palavrões soltos ao vento por diversas pessoas ao tentar subir no ônibus e conseguir "um lugar confortável" para ficar, eu finalmente estava dentro, apertada, encharcada e com uma mochila super pesada em um dos ombros. Olhei para o meu lado esquerdo e vi uma mulher grávida em pé, fiquei observando quem cederia um lugar para ela sentar... ninguém, então depois de algum tempo olhei para o lado direito e vi a senhora que estava comigo se refugiando debaixo do guarda-sol, ela estava em pé também e assim como no caso da grávida ninguém cedeu um lugar para ela, como eu estava em pé não havia nada que eu pudesse fazer... mais uma vez me perguntei onde estavam os valores que tanto nos ensinaram quando eramos crianças, aqueles que se tornam princípios com o passar do tempo, aqueles que nos diferem dos homens que abitavam antes de nós e que tanto chamamos de brutos e homens das cavernas, olhando a falta de educação das pessoas me perguntei o porquê que só eu estava incomodada com aquela situação onde era visível que o seu próprio conforto se tornou mais importante que o do seu próximo, lembrei-me da rua alagada e do cheiro forte de lixo de onde o ônibus saiu e vi que não me encaixava naquele lugar, com aquelas pessoas de mente tão pequena e insensível. Para piorar a minha situação passei mal, sufocada e com a pressão baixa, porque tinha descoberto que 90% das pessoas que estavam sentadas nos bancos eram feitas de açúcar e fecharam as janelas para não deixarem que algumas gotinhas providas do chuvisco que estava caindo lá fora caíssem nelas, deixando assim todos presos respirando o ar uns dos outros em um lugar abafado e apertado e que muito raramente se movia devido ao transito. Vi todas  aquelas pessoas reclamando umas com as outras por causa disso, porém apenas disso, e para o seu próprio beneficio. Cheguei em casa ás 22:00 horas da noite... sentei... refleti em tudo o que eu vi, em que eu ouvi e me convenci que... Não sou daqui.

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