A vida é a morte do lado avesso, e foi com base nisso que criei os meus conceitos.
A chance de poder sentir e um dia lembrar do vento no rosto me contempla uma memória que não há de ser conhecida por todos. Hão de ver dias em que o vento não soprará.
A perspectiva de enxergar o mundo como ele é e ter o tato de tudo que pode ser fisicamente sentido, escorrendo pelas mãos e adentrando todos os poros do meu corpo, é o mais sábio ensinamento de que tudo vai passar e com essa passagem vem a mudança. A história só segue um curso natural quando ainda não a conhecemos por inteiro, por isso hei de viver não como um homem mas como ser.
Meus olhos foram postos para suprimir a luz, aquilo que a come e não digere. Sinto o gosto do ar toda vez que respiro e se me mantenho vivo é por que ainda existe uma mudança para ocorrer. Essa mudança vive, se reproduz e não morre, cresce incansavelmente e jamais descansa. É a mutação de todo ser, sempre buscando a evolução e aquilo que meu DNA não produz a minha mente pede quase como que em abstinência. Meu dever, lutar como homem e guerreiro, não falhar como líder e nunca deixar de ser um leal amigo. Se por todos meus valores eu não conseguir sustentar o que sou, hei de jamais conseguir me libertar do mundo terreno e terráqueo em que vivo e fui criado, ainda que me fossem permitido mudar as leis sob as quais sou julgado e afastar o cálice da perdição que vem a ser oferecido nos pequenos detalhes, aqueles escritos nos rodapés.
Colorir a vida com as cores que nos são dadas parece uma opção chula, e não aceito mais que me venham oferecer proteção. Crio as minhas próprias cores, ensurdeço com a minha própria música e construo com meus próprios braços.
Que me quebrem os ossos, partam a carne, me tirem a audição e enfraqueçam a vista se não estiver mais sendo quem sempre lutei para ser.


                                                                                                                ...à guerra e revolução!

As teias que me prendem vivem,não mais pelos cantos, agora me comem cru
Patas que me tateiam e me prendem à ferrões que veneno me injetam, dor.
Sinto, passo a passo, a dor se espalhando. Jorros de risos invadem os meus ouvidos
as palavras rodam, me consomem e as sombras dançam. Me lembram velas.
As chamas que bailam sobre os corpos mal iluminados, se retorcendo à mais leve brisa
de ciume e paixão, agora ardem forte sobre a minha carne e a consciência...
Fétida consciência que não me digere a simples menção da prisão, a tortura que dilacera o corpo.
Mas não a alma, que é inquebrantável e jamais pode ser dobrada. Assim como a montanha que jamais se curva ao vento.
O vento, aliás, me lembra o conhecimento: sempre vindo sabe-se lá de onde, com direção desconhecida e com força espantosa. Força amuscular, que transcende o conhecido que temos entre o céu, a terra, os mares e atrás dos olhos.
Olhos, que tanto usei para ver o verde dos campos, o marrom da terra molhada e o falso azul do céu. Olhos com os quais comi, vivo, meus interesses e olhos os quais fechei de medo diante da verdade, por vezes.
Por vezes, por vezes me peguei pensando em nada senão em tudo. Fui além do misterioso universo de dúvidas, busquei algo a que pudesse me agarrar e foi então que percebi: não nos agarramos à perguntas, mas sim as respostas que agarram a nós.
Nós, uma palavra que muito demorei para entender, mais ainda para aceitar e hoje penso que não vivo sem ela. Assim é a minha droga, o meu benviver e a minha saudade de tudo, que foi vazio e se encheu. Tudo, que foi dos extremos lacrimais. De Tudo, que restou a mim e que só isso poderei levar para onde quer que eu vá.

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