Eu demorei muito para escrever. Muito mesmo... Eu não queria ter que dizer que sinto sua falta, nem que você foi muito importante para mim e todas as coisas que sempre dizemos... Não de novo. Sempre tentei me provar diferente, e agora não seria justo não ser assim, não é?
Todos os dias eu ouço seus passos e a dor, dói. Todos os dias eu me olho no espelho e meus olhos estão vermelhos, mas ninguém vê. Eu sou o vazio dos dias nesse mar aberto. Alguma coisa bloqueia a luz que entrava pela tarde caída. Eu sou um velho.
A mudança sempre me deu medo, e agora ela me chama e eu tenho medo de não mudar. Eu mudei e me tornei o que? Nada que eu pudesse me orgulhar, ou nada que eu veja valor. Não é um texto depressivo, nem uma mensagem de fim dos dias, ou algo do tipo, é apenas um desabafo. Eu não quero que seja sobre mim, mas sei que é exatamente como eu me sinto. E tudo isso tem a ver com você. Eu sempre vi inteligência por de traz de olhos tão fugazes. Eu ainda reluto em aceitar que eles estão fechados.
Vai ser meu primeiro natal realmente sozinho. E nesse, com certeza eu vou estar rodeado de pessoas, mas já sabemos que solidão é estar entre mil pessoas e sentir falta de uma. Agora eu sinto falta das peças do meu brasão. Me sinto incompleto, mas sempre soube que essa fora a barganha de outro dia e que o preço me seria cobrado nos tempos datados. Se eu não quis acreditar, o problema foi meu.
Hoje eu espero que você tenha sido recebida por aqueles que amamos, e que seus valores não sejam invertidos junto dessa inversão de carne e espírito. Confusa como essa frase, mas eu sei que você pode me ouvir todas as noites. Eu sei que é difícil, que a imagem embaça e some, que o som é inaudível as vezes e até que o meu riso te queima como fogo. Mas essa é a realidade entre as realidades, onde o certo e o errado não tem um meio termo. Não existe um limiar para se seguir, existem apenas os dias que aqui são anos. Sempre que um dia acaba, uma alma vive para o eterno. E sempre que um dia nasce, uma alma vem ao terreno. Assim somos nós: essências do Maior. Fragrâncias tão finas que se nos aproximarmos de mais dos dias quentes, podemos evoluir tão rapidamente que ninguém terá sido capaz de captar nosso real sentido. Eu quero lhe dizer que eu senti você; que eu amei você; e que eu vivi você. Eu vivo você, eu choro você, eu morro você. Todas as noites, todos os dias e até quando o Sol é apino. Sinto você no ar que eu respiro e na água que me banha. Na roupa que eu visto e nos momentos de comunhão com a terra. No poeta e na carne. Nas trevas e na luz. Eu sou você. Mas preciso que você parta, que se una ao meu brasão e espere que as peças que lhe faltam, em breve estarão em teu seio e assim esteramos unidos novamente. Mas vá em paz, se ilumine e chore sua subida pois nós seguiremos as suas lágrimas como estrelas cadentes. Por favor, Mãe, sinta o nosso abraço de "até logo" como um presente que machuca a ambos. Uma dor para jamais esquecer do sangue que TAMBÉM carregamos. Esteja com nosso pai, e com o Pai de todos. Não deixe jamais de brilhar no céu a noite e cante sempre, pois como você sempre entoou eu vo respondo: quando essa rua for nossa, nos iremos ladrilhar-lá apenas para que você possa passar e vir até nós.

Sinceramente, minhas palavras não estão sendo suficientes, me faltam letras ou mesmo idiomas... Eu peço desculpas por ser tão limitado aqui. Mas amanhã, quando estivermos todos juntos, no tempo de Deus, ascenderemos juntos, ao teu encontro.

Durma com Deus.

É com uma dor infinita que eu me despeço de mais uma parte da minha alma. Parece que a Fênix se explodiu em brasas e não houve cria... Sinto como se não houvesse chão.
Os dias não vão passar, as horas não são contadas pelo relógio que persiste em não girar. O tormento das migalhas chegou ao fim, um novo caminho começou.
Assim como o primeiro, aliás, eu tive de perder o meu apoio para poder aprender. Se nosso Pai quis desse jeito, vou confiar-lhe o motivo e não vou questioná-lo. Eu já sabia. Não posso falhar com a missão que ganhei: jamais falhar perante seu testemunho novamente. Espero que onde quer que você esteja, eu possa sempre te alcançar quando fecho meus olhos em prece e meu espírito derrama as lágrimas de luz e saudade. Uma luz que só existe quando penso em você, uma luz que só brilha quando tenho seu amor como combustível.
Se eu fui falho, não vou pedir perdão. Se errei, não vou pedir desculpas. Já não há tempo para isso, meu tempo será dedicado ao novo passo que o Cavaleiro deve dar com a sua cruz: Vou seguir o rumo do Sol e construir uma nova aurora no fim do arco-íris: ela vai ser o pano que nos conectará novamente e fará com que no dia Eterno nós estejamos próximos novamente, será o meu sinal para você.


Obrigado por tudo, Mãe.

E eu vou chegar
Pedir e agradecer
Pois a vitória de um homem
As vezes se esconde
Num gesto forte
Que só ele pode ver...

         Perdoar-me-ai por ser quem sou, depois de tudo que fiz até onde cheguei?
       Quem quiser atirar pedras, que atire. Quem quiser cuspir, que cuspa. Quem quiser defenestrar, abalar, reclamar, zombar, enfurecer, devanear, se despedir ou se vingar, que faça. E leve o tempo que precisar, pois este é o tempo do farelos que recolho após jogar migalhas.
Ainda há de se dizer que, decerto, existem mil e um motivos para que não hajam lágrimas: e para minha surpresa elas realmente não existem. Ou pelo menos não escorrem, mas meu espírito chora. Chora por um mal maior que o acomete, cora por vergonha de ter meditado em frente a um espelho e contemplado a si mesmo. Não sou nenhum exemplo a ser seguido.
        Existe uma compilação de memórias em ordem cronológica, em ordem de relevância e em ordem de profundidade que me surge em cada piscar de olhos. A água que me esfria, se esvai. Parece ter a fonte, secado. O fogo que me aquece e cria, parece distante. Não há mais o combustível necessário. O ar que respiro parece fluir de bom grado. Acho que é para me manter vivo. E a terra que me permitiu criar raízes, agora me dá um solo seco e frio, onde meus pés se soltam e a cada leve brisa eu me dobro. Assim como dobrei a alguém que me deu tudo, e eu não retribuí com nada.
           Peço e rogo, que a cada dia, eu me lembre das minhas escolhas e tenha a oportunidade de um dia me redimir de todas elas. Que no Dia Eterno eu ainda guarde as lembranças da minha aurora nascente da manhã da vida. E que meu Meio Dia seja a mais firme lembrança do bobo que fui, e do homem que me tornei. A noite que precede o dia do descanso ainda está longe e eu vou caminhar sozinho, já que não posso correr. Que este dia fique eternizado nas estrelas que se erguem alto no céu. 

           Já é Meia Noite, a hora em que os dragões choram e cantam.

Minha lista de blogs

Colaboradores

Seguidores