Hoje faz 4 anos que sou técnico oficialmente. Mas também fazem 4 anos que o preço daquela formatura se fez alto de mais.
Não gosto muito de falar disso aqui, não é o melhor local mas o fato é que eu mal dormi e nem sabia o motivo. Acordei com um peso na mente e não fazia ideia do por quê, nem sabia que data era até olhar o whattsapp e ver a lembrança de um amigo.

Nesses 4 anos muita coisa mudou e parece que absolutamente nada é como era antes, como se "crescer", que já não tinha sido muito lento e gradual comigo, se tornou mais abrupto ainda.

"Felizmente" a vida já havia me preparado para isso antes e o inferno é só um caminho transitório. Não há choro que lave a alma disso. Hoje eu devo admitir mais do que qualquer outro dia - a saudade apertou muito.

Espero muito que, onde quer que a senhora esteja, esteja bem e rodeada das pessoas as quais você esperou tanto para rever.


Eu te amo, mãe.

Se hoje você perde o pão, é para lembrar como é sentir fome.
Se hoje sofre com uma injustiça, é para lembrar de sempre ser justo.
Se sofre com a mentira, é para lembrar que se deve sempre ser verdadeiro.

Tudo gira em torno de um aprendizado... Ou de um simples lembrete, para não esquecermos a dor de ontem. Mas e o que eu sinto hoje? Um misto de vazio e falta de direção... Um modelo de dia para ficar em branco. Onde eu acho o lembrete de hoje? Não quero encarar como uma prova, mas não sei se posso encarar como uma casualidade. O mundo não é casual.

Eu vejo como o princípio de dualidade que isso sugere, e por isso eu sinto medo para ter coragem de passar por hoje, eu sinto a dúvida para acreditar na conclusão, eu sinto vontade de fugir, para saber que quero ficar.

Hoje é só mais um dia, eu tento e vou me convencer disso. Como todos os outros dias, não vale a pena atribuir nada a um momento específico, se não distribuir toda essa carga ao longo dos anos, vai ter que aguentar todo o peso mais forte, de uma só vez, em uma só data.

Tenho fome de uma justiça que minhas mãos não podem fazer
Tenho fome de palavras que minha boca não pode pronunciar
Tenho sede de ideias que eu não consigo beber
Tenho mais fome do que qualquer alimento pode saciar

Tenho sido mais que um paradoxo, tenho sido intragável até para mim mesmo
O espelho reflete o produto de tudo aquilo que perdi, que não precisava ser construído
e mesmo assim, eu tentei construir.
O espírito antigo e imortal cede quando a carne se fraqueja no valor espúrio
no bambeio da perna ante ao mundo real.

A vida é feita de escolhas

Parece que nunca há o amanhã. Sempre alcanço as madrugadas, mas nunca chega o sono.
É como se todo dia a aurora da vida se apresentasse, eu pudesse ainda contemplar o meio dia, mas nunca o crepúsculo...
As ideias gritam, as vezes tenho lapsos e acordo fazendo qualquer coisa, e nem sequer lembro como cheguei ali. É uma fuga de qual realidade?
A fragilidade de uma alma consiste em que? Na relação social que aquele ser estabelece, se moldando pelos exemplos da infância e assumindo os postos daquilo que ele vê, na esperança de se integrar e ser notado, ou de se integrar e sumir de vez?
E quem nunca se encaixa? E quem faz de tudo, para nunca parece inútil? E é tachado de qualquer coisa?
Eu ouço as corujas e me pergunto o que elas pensam sobre amanhã.., Eu vejo minha cachorra e me pergunto se ela fica feliz em me ver, ou se está feliz por não ter que ficar sozinha. Até me pergunto o que ela sonha quando a vejo tremendo a noite.
Meu colchão é de uma cama de concreto, meus olhos são lentes de vidro, meus dedos são pequenos para o tanto que quero dizer.

As vozes são infinitas.

Eu não quero mais estar aqui

Tudo dói. Andar, comer, falar, respirar.
Meus olhos doem quando acordo, quando ando para a luz do dia e até mesmo quando os fecho, cansados.
Meu peito queima, minhas pernas ardem e minhas costas se tornam inflexíveis. Tudo é um tipo de dor. Minha mente dói.

Meu nariz registra cheiros que me lembram de sensações e eu logo abstraio o concreto. Há dor nisso: a dor está em paradoxar, e o corpo não entende o toque e por isso ele dói. Ele transforma um possível carinho, numa sensação de dor num nível tolerável.
Pensar na dor, estranhamente, não dói. Lembrar dela sim, mas pensar nela não. Me dá um vazio. Eu sinto dor quando as lágrimas ardem meus olhos, ou então quando as sinapses me eletrocutam o cérebro. Pensar muito me fortalece enquanto me deixa fraco.

 Eu não tenho ideia de onde esteja, com quem esteja, como esteja e nada. Simplesmente não sei.
Não sei se você pode me escutar, se me vê chorando a noite ou se ouve meus risos de dia. Nem se sente falta dos abraços que eu nunca te dei, de ouvir os "eu te amo" que eu nunca disse ou pela gratidão que eu deveria ter tido. Não sei se você chora toda vez que pensa nos últimos anos de vida que eu te proporcionei. Eu sei que fui um péssimo filho.
Sei que meus sonhos são maiores que eu, que eu nunca vou ser bom o bastante para realizá-los e toda vez que eu penso nisso, imagino que eles sejam o meu reflexo de dar ao mundo algo que eu sempre achei que não tive. Mas tive. E tive muito mais do que eu, de fato, mereço.
As vezes eu lembro de dias como quando eu cheguei em casa e eu tinha um quarto. Lembro de como aquilo foi muito pra mim... Mas eu não me lembro de ter demonstrado ou apreciado como deveria que ficava feliz pelo seu sorriso em me dar algo que eu nunca tinha tido. Eu fui um idiota todas as vezes. Todas.
 Eu devia ter guardado todas as minhas respostas rápidas e insolentes, devia ter trancado meu choro e devia ter abaixado a cabeça sempre. Nunca devia ter pedido por mais, se você sempre me deu tudo. Até coisas que não estavam em seu alcance. Eu deveria ter mostrado alguma gratidão.
Mãe, não sei se daí você vê o mundo diferente: se vê as moléculas se juntando biologicamente, enquanto a magia acontece e o espetáculo da vida brilha. Não sei se é romântico assim. Se você pode ver as curiosidades do fundo do mar, ou se lá tem os segredos que você buscou desvendar, ou mesmo se mandou os seus para lá, onde nunca seriam encontrados. Não sei se as estrelas daí brilham como as nossas, ou se as pessoas daí também arrumaram luzes com as quais ofuscá-las, assim como as daqui. No seu último dia, eu simplesmente não estava lá. Eu nem queria estar lá, não queria voltar para casa. Me desculpa. Eu sou, e sempre vou ser um tanto idiota.  Eu sempre tive medo e esse medo sempre me afastou de tudo, por que ele sempre me deu a força necessária para me manter só, e eu sempre fui bom nisso. Mas eu queria poder ter sido um melhor filho, queria ter ao menos cumprido meu juramento com você. Queria que maio chegasse e eu não recebesse uma flor branca, podendo acreditar que chegaria em casa e você estivesse lá. Talvez eu precise de algumas vidas para pode me recuperar, já vi que não sou tão bom quanto penso.
 Eu queria pedir perdão, por ter tido uma vida tão diferente, que você sempre tentou fazê-la melhor, enquanto eu tentava me convencer que era completamente normal e no final: eu apenas me rendi ao conceito de "família"  e não vi o quanto mal eu fazia em cada palavra venenosa que eu cuspia. Perdão, Mãe... Espero que daí a vida seja muito bonita, que tenha bons rios e cachoeiras onde você possa meditar feliz enquanto sente o cosmo passando à sua volta, e digo que não vou desistir de nada e um dia vou pedir esse perdão pessoalmente. Espero que até lá eu seja uma pessoa melhor e possa ser digno de ser recebido com um sorriso seu e de meu Pai.

Que Deus a abençoe, Mãe,

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