Tenho os olhos marejados pelo orvalho da manhã,ou será a chuva?
Andei acordando no meio da noite sem ao menos dormir, sonhando sem sequer fechar os olhos. Os dias cinzas vão e vem, e as vezes o sol se mostra, tímido, mas com raios vigorosos. Parece inseguro no que faz, as vezes.
E assim como ele, eu tenho conhecido o medo de perto. A insegurança não me move, me retarda... Onde está a coragem?
Os dias passam lentos, tenho sempre a impressão de que os minutos são horas. E tenho contado todos eles desde muito tempo.
Tenho os olhos enegrecidos pela noite fria, nem a lua vem me banhar com seus raios de prata.
Minha cruz tem estado fosca, não vejo seu brilho faz tempo. Ou será que não vejo o meu?
Já não tenho noção de espaço, meu chão some e o ar falta... O reflexo no espelho me olha com desprezo, vejo pena nos meus olhos... Pena? Existe algo mais repugnante do que sentir pena de alguem, ou pior, de si mesmo?
Tenho sentido o sangue subir na garganta e o coração quase explodir, posso jurar que morri algumas vezes mas descobri que o tormento ainda existia. Os olhos ao meu redor são juízes, parecem sempre estar em um tribunal só querem as aparencias, nada de fatos.
Esses quinze anos têm parecido 15 decádas, nada me diverte tanto quanto eu espero, nem os sorrisos são tão largos quanto eu queria.
Tenho os olhos marejados pelas lágrimas ardentes, que correm ao poucos e deixam uma linha de amargura pelo rosto. Os velhos olhos vermelhos voltaram e agora... Bom, agora é viver ou viver.

Parece que ontem eu estava com você, desenhando na sala e rindo de coisas sem sentido.
Já se passaram 15 anos, uma vida inteira. Hoje eu sinto mais ainda o peso da responsabilidade sobre os meus ombros e mesmo assim não me incomodo, aprendi a não correr diante de um desafio. São os desafios que nos movem, não é?
A tua lembrança me pertuba, e só nós sabemos das promessas feitas de joelhos num chão que não é menos do que tortuoso e em uma sala opressora onde eu insisto em não querer sair.
Até onde a gente leva isso tudo nas costas? Até quando a gente aguenta sentir uma dor que sabe que nunca vai passar?
O espelho me trai as vezes, ou talvez seja a vista. Essa duvida das coisas me faz tremer às vezes e penso que não é isso que você quer para mim nesses dias atuais, onde o nosso sangue parece não importar. Nossa espada brilha pra sempre sagrada junto ao nosso escudo e quem é alguém para nos despir delas?
Sei que você nunca vai ler o que estou escrevendo, mas talvez ouça enquanto eu penso e, se não, talvez quando eu grite.
Mais um ano sem você, o tempo passa e nada se torna mais fácil, mas já me decidi e não deixar nada se tornar mais dificil. Agora, honrando quem nós somos e o que somos, contemplando o que construímos e sentindo a tua mão, não como um peso mas como uma lembrança de tudo que eu sou, digo que as lágrimas vão continuar existindo, mas sempre carregadas de júbilo e saudade, sabendo que você sorri enquanto você me vê.
Hoje, sou uma estrela e você é meu universo. Toda vastidão dos seus olhos são janelas para que eu possa  me encontrar e achar meu mundo.
Serei eternamente o Nícius. Serei eternamente o Ferraz.
E, em meu nome e POR seu nome, serei sempre o Vinícius Ferraz, pois há um tempo tinha uma espada e era um guerreiro mas agora tenho um propósito e com certeza serei herói.

Pela tarde cinzenta em você se foi.
Por você, Jorge Ferraz. Por nós.
Eu te amo, Pai.

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